Descrição
Dentre as virtudes que todo homem deve viver, há uma, prosaica, envergonhada, que é a chave das outras, vistosas e muito cotadas: chama-se modestamente ordem. É como essas estacas fundas que sustentam o edifício. Seu destino é enterrar-se, aguentar sem aparecer; se alguma vez aparece, é porque o edifício desabou. É uma virtude humilde e, na bolsa dos valores humanos, humilhada, depreciada: parece estribilho para meninos e meninas de colégio, não para homens feitos. E, no entanto, sem ela nada persiste, tudo cai, mais cedo ou mais tarde, e amontoa-se como entulho feio e incômodo em terreno baldio. A desordem é uma das razões de fundo da nossa fragilidade, apesar dos nossos bons projetos. Não se pretende tecer nestas páginas umas considerações de mera prudência, ditadas pelo senso-comum, nem oferecer conselhos de autoajuda, nem enunciar modos de melhorar o rendimento pessoal ou a eficácia organizativa. Do que se trata é de compreender melhor que a origem e o fim últimos da ordem se situam fora do espaço e do tempo: na eternidade que nos precede e nos aguarda.
+ descrição completa